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Gestão

Como dividir os lucros na sociedade - Empresa de Serviços

Jorge Cavalcante
Escrito por Jorge Cavalcante
Como dividir os lucros na sociedade - Empresa de Serviços
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A Sociedade é sempre cheia de dúvidas e incertezas, e foi pensando nisso que fiz uma série de vídeos no meu canal no YouTube falando em como dividir os lucros em uma sociedade em diversos tipos diferentes de negócios, e hoje aqui neste artigo vou falar especificadamente de empresas que envolve serviços, como salões, clínicas, barbearias dentre outros similares.

Para esses tipos de negócios, a grande dúvida se dá na divisão da sociedade, pois geralmente existe um sócio investidor – que só entra com dinheiro – e outro sócio que entra com algum dinheiro mais o serviço ou somente o serviço. É importante entender que, neste caso o que entra com o serviço de modo geral é o profissional do ramo, é o que possui o know how (o conhecimento do serviço e do ramo de negócio), além também de muitas vezes já possuir uma clientela formada.

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Para nosso exemplo hoje, vamos entender que temos dois sócios.
Sócio 1 – que entrará apenas com dinheiro (capital monetário) – totalizando 100mil reais;
Sócio 2 – que entrará com uma parte de dinheiro e o know how na área – totalizando 30mil reais + serviços e expertise.

É aqui neste modelo de sociedade que fica muito difícil medir o valor de participação total da entrada do sócio 2, sendo assim recomendo fazer um combinado entre os dois para que tudo fique muito claro. Uma das formas de chegar nesse combinado, é levar em conta alguns aspectos que facilitam na decisão sobre a divisão da sociedade.

Primeiro – Valor monetário

Imagine a seguinte situação – Após a empresa 100% montada, se vocês fossem vender a empresa, qual será o valor dela? Sei que sócio 1 investiu 100mil e o sócio 2 entrou com 30mil, e não teve serviço ainda pois a empresa foi apenas montada. Mas a pergunta é: quanto ela vai valer se você fosse vender? 130mil foi o valor investido, o valor de venda pode ser maior ou menor que isso.

Logo se considerar apenas os valores monetários investidos, para saber qual percentual é de cada um, basta usar a boa e velha regra de três da matemática.

130 . 100% = 76,9% e 130 . 100% = 23,1%
100……X …………………………30………X

Vimos então na regra de três que no valor total da empresa de 130mil, o sócio 1 que entrou com 100mil é dono de 76,9% e o sócio 2 que entrou com 30mil é dono de 23,1%. Então basicamente na venda da empresa vocês fariam uma divisão nessa proporção, independente do valor vendido.
Exemplo: se vender a empresa por 150mil basta dividir: 76,9% que é = 115mil e 23,1% é = 35mil (arredondei os números para facilitar o entendimento)
Ok então? entendido o que é valor monetário no investimento? ótimo, vamos ao segundo método que envolve o serviço.

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Segundo – Valor agregado, monetário + Serviços

É difícil medir o valor do serviço de alguém sem parâmetro, sempre quem tem o dinheiro vai acreditar que esse é o mais importante e valioso, da mesma forma o que tem o conhecimento do mercado e o serviço, que vai acreditar que sem esse lado o negócio não existe.

O fato é que os dois estão certos, somente com dinheiro não tem negócio, e somente com conhecimento também não se tem um negócio. A união dos dois é que vai criar o conceito de empresa e fazer ambos terem lucros, mas é ai que entra a divisão na sociedade, quem pode ou deve ter mais? quem deu mais dinheiro ou quem vai tocar o negócio?

Para responder essa segunda hipótese é indispensável um plano de negócio, na qual terá uma meta de faturamento da empresa, e obviamente o estudo de custos para o funcionamento.
O Plano de negócio será o guia para entender quanto valor tem o sócio 2, pois desde o início entendemos que ele será o coração pulsante da empresa, fará atendimentos, tocará o negócio, trará a clientela que já existe e será a cara da empresa. OK, mas como medir isso?

Você vai gostar de ler: Como fazer um plano de negócios – passo a passo

Com base no plano de negócio e no faturamento esperado, indicado na meta de vendas, quanto vem por meio da participação do sócio 1 e 2? – esse cálculo ajuda a medir quando a empresa vale estando funcionando.
Exemplo: se a empresa em funcionamento (segundo o plano de negócio) estiver faturando 200mil mês, então pode-se dizer que: A contribuição para esse faturamento por parte do sócio 1 foi de 100mil e por parte do sócio 2 também foi de 100mil, temos então de cara uma sociedade de 50% para cada. Da mesma forma você faz a conta se o valor for maior ou menor: se faturar 300mil a divisão é, 33,33% para o sócio 1 e 66,66% para o sócio 2, pois neste caso o investimento do sócio 1 foi menos representativo do que a colaboração do sócio 2.

Esse acordo precisa ser fechado com base nos valores investidos e também no plano de negócio, esse número de cota precisa está presente no contrato social, que é feito com a ajuda de advogados e contadores.

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Resumindo

No primeiro caso, como a empresa ainda não está faturando, pode-se pensar então que o valor de venda da empresa é: 200 mil, porém você não tem os profissionais envolvidos e neste caso usa-se o valor investido para indicar a participação societária, como vimos na regra de três.

Já no segundo caso, temos um plano de negócio que indica o faturamento com base no trabalho do sócio 2, desta forma o valor final do faturamento mensal será a indicação para a divisão da sociedade. Inclusive, o sócio 2 mesmo entrando com menos dinheiro ele pode ser um dono de maior parte da sociedade, isso quem vai dizer é o resultado que ele trará para a empresa (no plano de negócio). Imagina por exemplo um faturamento de 300mil, usando os mesmo parâmetros já visto aqui, o sócio 1 seria dono de apenas 33,33% da empresa, enquanto o sócio 2 estaria com 66,66%, pois o resultado depende mais do profissional sócio 2 do que do dinheiro investido pelo sócio 1.

Pró-labore e salário não são lucros

Agora pra finalizar vamos falar de retiradas e pró-labore. 

Sócio 1

Sócio 1: de modo geral sócios investidores (que entram apenas com dinheiro) não trabalham na empresa e já tem outras ocupações, se isso prevalecer esse sócio não tem retirada nem pró-labore. Porém se ele for exercer alguma atividade de administração ele necessariamente deve receber um pró-labore compatível com a responsabilidade de gerente. É como se ele fosse um contratado pela empresa, esse salário será o sustendo mensal desse profissional.

Sócio 2

Sócio 2: será o protagonista do dia a dia, será ele que fará os procedimentos e atendimentos, o valor cobrado pelo serviço feito por esse sócio deve ser rateado entre o profissional e a empresa, sendo assim o pró-labore desse sócio será equivalente aos atendimentos feitos por ele. 
Exemplo: se um atendimento for vendido por 80 reais para o cliente final: a divisão pode ser de 50% para o atendente (neste caso o sócio 2) e 50% para a empresa. Obviamente esse percentual ele deve ser combinado previamente, aqui é apenas um exemplo, mas é importante entender que, neste caso, não pode ser menor do que o praticado no mercado geral, ou seja, você deve considerar que é o mesmo que contratar uma profissional. Esse valor será o sustendo mensal do sócio 2.

Após isso, entendendo (por exemplo) que ao final do mês sobrou no caixa da empresa 250mil, (sendo que neste caso já foi retirado o valor referente ao trabalho do sócio2, pois ele recebe a cada atendimento.)

Então, destes 250mil paga-se todas as contas da empresa, é daqui também que paga o pró-labore do sócio 1, e demais funcionários que possa ter.

Supondo que depois de pagar 100% de todos os custos e gastos da empresa, sobra líquido 100mil. Esse é o que chamamos de lucro. Ok e o que fazer agora?

Especialistas em finanças administrativas e societárias recomendam não fazer retiradas de lucro no primeiro ano da empresa, desta forma o dinheiro do lucro fica disponível no caixa da empresa, esse dinheiro serve para momentos de dificuldades nas vendas e eventuais mudanças no cenário comercial geral (lembre do que foi a pandemia).

Seguindo então essa regra e mantendo o nível de gastos e de faturamento ao final de 12 meses a empresa terá livre no seu caixa algo em torno de 1,2milhão em caixa. Já sabemos que o custo mês da loja é de cerca de 150mil (fora o pró-labore do sócio 2, que ganha por serviço), então temos aqui uma reserva de caixa equivalente a 8 meses de operação da loja, ou seja, se em uma eventual situação em que seja necessário fechar a loja ou o faturamento cair drasticamente, a empresa terá condições de se manter firme por 8 meses no mínimo, sem afetar o padrão de vida dos sócios, funcionários ou da empresa.

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Primeira retirada é hora de dividir os lucros

Feito tudo seguindo os passos anteriores, espera-se por mais 1 ano de serviços e atendimentos sem fazer retiradas da empresa, e se tudo estiver mantido o mesmo nível (esperamos que não, pois a ideia é crescer, mas vamos supor que tenha mantido o mesmo padrão), agora existe um caixa na empresa de 2,4milhões, vale lembrar que o primeiro 1,2milhão é o caixa da empresa, e serve para novos investimentos e para segurar a empresa em eventuais discrepâncias do mercado, sobra então um lucro de 1,2milhão que podem ser divididos entre os sócios.

Agora é a hora da verdade, feito o investimento, trabalhado por 2 anos, é o momento de fazer a primeira retirada de lucros da sociedade. Retiradas de lucros é uma operação monetária que requer acompanhamento fiscal de um contador, a solicitação de retirada deve ser direcionada a contabilidade para que ela possa emitir as guias de retiradas e assim os sócios fazerem o rateio com base na participação na empresa, isso é necessário para que não haja incidência de impostos sobre o valor, pois no Brasil, não existe imposto sobre retirada de lucros. É importante fazer esses passos todos para que você não tenha que pagar imposto de renda de forma indevida.

Então com base no nosso caso número 2, onde separamos a sociedade em 50% para cada sócio, a retirada será de 600mil ano para cada sócio. Ou seja, é como se você tivesse uma renda de 25mil nos últimos 24 meses (dois anos).
E de agora em diante se você mantiver o mesmo padrão de faturamento e gastos da empresa, todos os anos você irá fazer uma retirada de 600mil para cada sócio, o que equivale a partir do terceiro ano uma renda mensal de 50mil.

É isso, espero que tenha ajudado de alguma forma. Deixa nos comentários suas dúvidas e observações.

@jorgeacavalcante

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